No último dia 06 de junho do corrente ano, tive uma experiência inenarrável. O Professor José Pacheco fundador do Projeto "Fazer a Ponte" da escola da Ponte em Portugal, visitou o Colégio Antonio Gomes Correa em Gravataí. O encontro era para o corpo docente da escola, mas assim que soube que ele estaria lá, fiz meus contatos e consegui participar. Uma postura totalmente diferente de todas que vi até agora. Não participou como palestrante e sim como um ouvinte e questionador. Não deveríamos ouví-lo e sim perguntar, fazer nossos questionamentos, colocar nossas angústias de educadores. Essa foi a palestra mais interessante que já acompanhei, pois o palestrante era um ouvinte e conversava com a platéia como se fôssemos velhos conhecidos dele. Com certeza somos, somos educadores, unidos pela escolha de uma profissão que deve ter além de dedicação muito amor.
Inúmeras vezes já me perguntei qual a motivação que meus filhos desenvolveram para ir a escola. O que surpreende quando chego a fazer essa pergunta a eles é que na realidade não existe motivação. A única coisa que os prende à escola são as relações com os colegas e as aulas de educação física. Perguntar-se como mudar esta realidade é o primeiro passo em busca de uma motivação maior para que os alunos queiram ir à escola não apenas para ver seus amigos.
Neste contexto é que está o importante desafio do supervisor/coordenador pedagógico, (logicamente falando, da distribuição da função escolar existente no Brasil) em relação à motivação para o trabalho formativo que devolva o prazer do corpo docente, influenciando assim, o corpo discente diretamente. Diante de inúmeras pesquisas e dados estatísticos presentes atualmente sobre a educação e o professor, é indispensável pensar que a mudança deve ser mental, absolutamente mental. A formação deve passar pelas entranhas dos professores atingindo realmente o seu interior. Desta forma se consegue a atenção daquele que é o protagonista no filme da educação. Não basta uma formação deslocada. Em primeiro lugar deve-se primar pela descompartimentalização do ensino, logo, deve-se adquirir o senso de equipe.
Quando deixamos de pensar isoladamente, principalmente em relação à educação, deixamos de pensar o ensino como transmissão, passando de detentores absolutos a compartilhadores do prazer em saber, querer aprender, que é fundamental para a compreensão. Começamos a desenvolver a consciência de que devemos ouvir, estudar, opinar, assumir responsabilidades grupais. Deixamos de nos sentir solitários, passamos a dividir problemas, a socializar acordos que deram certo, mudamos também a visão dos alunos. Iniciamos um processo de autoconhecimento, de limites e de confiança. Passamos a acreditar no outro, pois não nos resta outra escolha, estamos trabalhando com grupos feitos de pessoas distintas e com valores distintos. Damos a oportunidade de surgirem outras pessoas com os potenciais desenvolvidos e que podem ajudar. Baixamos a guarda do “desconfiômetro”, deixamos de lado o orgulho e aprendemos a ser.
Através da união, conseguimos desenvolver mais em pouco tempo, com maior qualidade. Aprendemos a transdisciplinaridade que passaremos aos nossos alunos de maneira tão espontânea que eles serão formados nesta mesma perspectiva. A formação de professores como se dá hoje em dia é inútil. Apenas ouve-se especialistas falarem, mas não se troca, não se discute, não se opina. Em primeiro lugar devemos ter objetivos comuns, depois procurar formação através de ciclos de estudos, de reuniões de discussão e trocas de experiências. Incentivar o fazer diferente. Assim que José Pacheco falou durante todo o tempo, TRABALHAR EM EQUIPE em prol de um bem comum.
Quando um supervisor/coordenador inicia um processo de formação através do incentivo ao trabalho conjunto ele está indiretamente influenciando seus docentes a também adquirirem uma postura parecida com seus alunos. Ao desenvolver autonomia na equipe, está também mobilizando a autonomia, esta mobilização gera confiança e a confiança auto avaliação constante. Assim criam-se os ciclos de aprendizagem entre os docentes.
A escola como um todo precisa mudar, mas deve iniciar por algum lugar, alguém, ou várias pessoas unidas em torno de um objetivo em comum: a Educação sem demagogias.
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